Imagem: Buda Mendes/Getty Images
Quem faz parte do meu convívio social ou me acompanha nas redes sociais, sabe da minha intensa mobilização no combate ao racismo. Depois do trágico episódio envolvendo a seleção argentina e seus cânticos de vitória deploráveis, me sinto no dever de usar esse espaço para me posicionar e reprovar o comportamento de nossos “hermanos”.
Para os leitores ou leitoras que estão por fora da situação, vamos contextualizar. No último domingo (14), a Argentina barganhou – sem Messi – o título da Copa América 2024. A equipe do técnico Lionel Scaloni venceu a Colômbia, na prorrogação, pelo placar de 1 a 0. Lautaro Martínez foi o responsável por marcar o tento e garantir o 16° título sul-americano da Albiceleste. Tudo parecia ser histórico até que a comemoração do elenco manchou a conquista.
Após a tradicional cerimônia de entrega das medalhas e do troféu, o time embarcou naquele velho “busão” para seguir só Deus sabe para onde. Durante o trajeto, o jogador Enzo Fernández abriu uma transmissão ao vivo em seu Instagram e, bingo! O volante e seus companheiros passaram a entoar cânticos racistas, transfóbicos e xenófobos contra atletas da seleção francesa.
Segue trecho da atrocidade cantada:
“Eles jogam pela França, mas são de Angola. Que bom que eles vão correr. Eles se relacionam com travestis. A mãe deles é nigeriana, o pai deles, cambojano. Mas no passaporte: francês”
A música é um completo absurdo e é inaceitável que jogadores tenham essa postura. No entanto, nesse imbróglio me incomoda ainda mais o silêncio daqueles que, em virtude de suas posições e relevância, deveriam se manifestar. Messi e Di María ainda não soltaram sequer uma nota para repudiar e se desculpar pelo ocorrido. Permanecem avessos à situação e omissos diante do indefensável. É completamente lamentável!!!
Para este jovem, metido a colunista, o futebol possui um compromisso para além do entretimento. Esse esporte tem o dever de colaborar para a construção de uma sociedade mais respeitosa e diversa, pois ele não é e nem pode se tornar um espaço de ampliação das discriminações.
Por fim, as Confederações e os demais órgãos do futebol internacional devem pensar numa resposta rápida e severa contra esse tipo de comportamento. A Seleção Argentina e seus jogadores precisam ser devidamente punidos. Basta de tanta impunidade e descaso com uma temática tão importante.